02 dezembroDesenvolvimento

Perfeição é perda de tempo?

Todos nós fomos criados sob a influência da busca da perfeição. E quando não a alcançamos a expectativa de excelência, a frustração toma conta. O estresse chega cedo em nossas vidas e ele está diretamente ligado a nossa relação com as expectativas que desenhamos. Mas e se simplesmente mudarmos o foco? Valorizar novos padrões, novas análises, novas atitudes? A vida não pode ser de tanta dor e peso.

Todos nós fomos criados sob a influência da busca da perfeição. Ser o melhor aluno, conseguir o emprego perfeito, ganhar um bônus incrível, superar 100% da meta e por ai vai. E quando não a alcançamos e vemos que tal expectativa de excelência não bateu às nossas portas, passamos a lidar com a frustração. O estresse chega cedo em nossas vidas. Engana-se quem pensa que ele é gerado pelo excesso de trabalho. Na verdade, o estresse nasce como consequência de expectativas não atendidas. Ninguém gosta de levar muito tempo para ser promovido, de ter mesma rotina de trabalho por meses, de ver que um colega de está super bem com o chefe, e que nós não estamos com tanta moral assim.

 

A comparação com os outros, nos mata.

 

O estresse é a soma de todas as nossas frustrações. Isso acontece porque suas expectativas te acompanham onde quer que você esteja, e suas frustrações também. Ambas estão dentro de você. O melhor jeito de não se esgotar é desenvolver uma das competências mais necessárias da atualidade: A Gestão de Expectativas. É como diminuir a voz da frustração dentro de nossa mente. Quanto melhor gerenciarmos nossa expectativas, mais domesticada serão as frustrações. Isso precisa acontecer em qualquer área da vida.

 

E isso não é fácil, pois todos os dias somos bombardeados com estímulos para que nossas expectativas sejam altas. É em nome delas que cometemos os maiores descalabros de nossa vida pessoal ou profissional.

 

A sedução da perfeição nos ronda o tempo todo.

 

Não é preciso ir muito longe para saber que um colega de trabalho está crescendo mais rápido do que nós. E às vezes ele(a) nem é tão competente assim. Ou mesmo alguém que está empregado ou com mais saúde. Está viajando mais, está se realizando profissionalmente, tendo um filho ou comprando uma casa. A comparação com os outros é inevitável. Por mais que neguemos, nos comparamos com os outros. E a dor vai tomar conta da consciência se, ao olhar essas figuras vizinhas, você constatar não está trabalhando, viajando o tanto que gostaria, ou está frustrado com o trabalho, está sozinho, ou mesmo financiando seus bens. A comparação que fazemos com os outros é um dos grandes aliados da frustração.

Agora são dois inimigos lutando contra nós: a comparação e a frustração. Será que essa gestão de expectativas aguenta?

 

Mas e se simplesmente deixarmos de nos comparar com os outros? Desistir de utilizar um padrão de competitividade silencioso (sim! a maioria das frustrações que temos é silenciosa) e começar a explicar que o sucesso alheio se justifica por um conjunto de atributos que não podemos gerenciar? Ou mesmo aspectos imponderáveis e imprevisíveis, somente explicados pela conjunção de uma probabilidade pequena de acontecer. E se simplesmente passássemos a nos comparar conosco mesmo? Por exemplo, em vez de nos compararmos com um colega ou mesmo um líder passássemos a nos comparar com o que fomos no dia de ontem. O “eu hoje” versus o “eu de ontem”. Hoje dormi um pouco mais, economizei um pouco mais, evolui um pouco mais do que ontem.

 

E se assumíssemos que a vida não precisa ser um concurso de produtividade?

E que um de nossos KPI´s passará a ser a quantidade de sorrisos que damos comparados com os de ontem? Ou pela quantidade de “bom dia” que damos à desconhecidos na rua? Que tal se você criasse um indicador de vezes que disse “eu te amo” ao longo da semana?

 

Que tal você reformular os rótulos de produtividade? Pare de dar importância somente para a agenda lotada. Amanhã o taxímetro vai zerar novamente e não vai dar para ser o rei ou rainha do workaholic todos os dias. Nossa performance é igual a um ecocardiograma. Não dá pra viver somente na batida da sístole. A vida é feita de diástoles, também.

 

Quando você for embora deste plano, não vão te elogiar por você ter implantado o método na sua empresa, ter virado CEO antes dos 30, ou mesmo por ela ter se tornado uma das melhores empresas para se trabalhar.

 

Não haverá uma porta diferente para os que tem especialização, mestrado ou doutorado. É capaz que você chegue tão cansado(a), que te ofereçam uma cadeira de rodas e um copo d´água. Não precisava ter sido assim, tão desgastante.   

A melhor forma de combater essa rotina é sendo nós mesmos. Deixando de desempenhar este peso “bonito” do mundo corporativo. Onde as pessoas assumem papéis de serem perfeitas, terem uma vida pessoas impecável e uma profissional irretocável.

 

A vida é sobre olhar para quem está desempregado, mesmo que você também esteja, e ajuda-lo. É sobre dizer ao colega que tem uma folha de árvore no cabelo dele, é sentar ao lado de alguém que está com dificuldades e ensinar algo, sem pressa. É ligar para um colega que está em último no ranking e oferecer ajuda, uma palavra de apoio.

 

A vida é sobre sair do escritório no horário combinado sem medo que alguém lhe diga que está desmotivado. A vida é almoçar com colegas de qualquer área. A vida é entender que nossa passagem por esse planeta é curta, e que precisa ser bem vivida. E que você possa deixar um legado de contribuição e bondade, que você sorria muito, que tenha certeza de que ajudou, estimulou e perdoou.

A vida não pode ser desperdiçada com os rótulos do cansaço. E não merece ter uma escala de valores maior do que nossa felicidade.

 

Patrícia Eloisa Rech

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