02 junhoArtigo

O que te diferencia da IA?

Você acredita que a inteligência artificial vai substituir o seu trabalho? Essa pergunta tem gerado muita discussão. No RH Leadership Xperience que participei em São Paulo, esse foi um dos principais temas abordados. Nesse artigo, te convido a reflexões sobre o que nos diferencia da IA e a importância de olharmos para isso de forma intencional. Afinal, o futuro é a gente que constrói, certo?

Você acredita que a inteligência artificial vai substituir o seu trabalho?

 

Essa pergunta tem gerado muita discussão (e pesquisa!) no mundo. Não sei você, mas só de pensar nela já me vem um turbilhão de argumentos. Mas vamos por partes!

 

É inegável que estamos vivendo um desenvolvimento acelerado de tecnologias, em especial a tal da Inteligência Artificial que gera tanta empolgação quanto medo.

Inclusive no evento RH Leadership Xperience que participei em São Paulo na semana passada, esse foi um dos temas mais abordados nos painéis.

 

Tenho lido bastante a respeito desse tema e sua relação com a liderança, vários estudos recentes apontam numa direção bem interessante: a IA não vai substituir as qualidades essencialmente humanas. Dentre elas: habilidades emocionais, sociais, interpessoais e até pensamento crítico e tomada de decisão.

 

Mas no meio de um desenvolvimento tão acelerado de tecnologia, estamos acelerando o suficiente o desenvolvimento dessas habilidades humanas que nos diferenciam?

 

Ah, essa tal de IA faz de tudo, né?

De fato, é impressionante o tanto de aplicações e funções que as IA’s têm hoje. E cada dia surge uma nova pra deixar a gente impressionado. Claro que ainda tem muita coisa em desenvolvimento e teste, mas o mar de possibilidades tem se expandido consideravelmente.

 

Felizmente, a gente não precisa saber de tudo, mas com certeza precisamos acrescentar IA na nossa caixinha de ferramentas do dia a dia.

Quem ainda não percebeu isso, precisa urgentemente correr atrás, afinal, essa é uma das grandes tendências faladas e pesquisadas incessantemente hoje. Não, não é só um hype que vai passar.

 

Não vou me atrever a escrever todas as possibilidades de coisas que a IA pode nos ajudar, seja no dia a dia seja num olhar organizacional mais amplo. Mas queria destacar aqui alguns dados que vi recentemente em um artigo da Harvard Business Review que me chamaram atenção:

· 65% das pessoas estavam “um pouco” a “completamente” confiantes na capacidade da IA de desenvolver uma estratégia;

·         Participantes da pesquisa relataram estar confortáveis com a IA desempenhando um papel na análise de seu desempenho e na otimização de ações e decisões: 43% “concordam” ou “concordam totalmente” e 23% são “neutros” em relação a esse tópico;

· 45% das pessoas indicaram que se sentem “um pouco” a “extremamente” à vontade para receber feedback de desempenho orientado por IA, desde que seja positivo.

As pessoas estão cada dia mais confortáveis com o uso de IA’s, até para tópicos complexos como estratégia, análise de desempenho, otimização de decisões e feedbacks.

 

Mas as pessoas estão confortáveis em usar IA para tudo? A IA é melhor em tudo?

 

O que nos diferencia?

Sermos humanos (sim, isso é uma grande vantagem!)

Nesse mesmo artigo da Harvard Business Review, temos dados ainda mais interessantes:

·         A pesquisa constatou que as pessoas têm pouca confiança de que a IA possa entender o comportamento humano no trabalho melhor do que líderes humanos (57% não confiam e 22% são neutros);

·         60% das pessoas entrevistadas estão preocupadas com a possibilidade de a IA analisar e aproveitar as emoções dos funcionários para tomar decisões;

· Apenas 25% das pessoas entrevistadas se sentiriam “um pouco” a “extremamente” à vontade para receber feedback negativo sobre o desempenho no trabalho se ele fosse gerado pela IA. Cinquenta e cinco por cento se sentiriam “um pouco” a “extremamente” desconfortáveis.

 

Um outro artigo recente da McKinsey, trouxe a conclusão de que grandes usuários e criadores da IA generativa sentem que precisam de habilidades cognitivas e socioemocionais de alto nível para realizar seu trabalho, mais do que precisam desenvolver habilidades tecnológicas.

 

Ou seja, cada vez mais as habilidades centradas no ser humano se tornarão mais e mais importantes.

E como estamos usando essa tecnologia no dia a dia?

Que escolhas estamos fazendo?

 

Vejo que a IA não será a resposta pra tudo e que entender a complexidade humana ainda está além dessa tecnologia.

E quando precisamos lidar com questões de saúde mental no trabalho? Quando uma pessoa talvez não esteja em seu melhor estado de bem-estar, mas temos uma entrega a cumprir? Como lidar quando existem conflitos entre pessoas do time e elas não se dão bem? E quando as pessoas não conseguem estar engajadas no trabalho e, portanto, não alcançamos os resultados esperados?

 

São infinitas as situações de liderança que exigem uma tecnologia diferente:

A TECNOLOGIA HUMANA.

 

Pessoalmente, vejo que ambos são difíceis e nada óbvios. A questão é que somos seres únicos e cada com seu jeito de interpretar os milhões de estímulos do dia a dia. E feliz ou infelizmente, nós não somos capazes de controlar isso.

Ainda assim, existem muitos estudos, ferramentas, práticas, metodologias que modelam pedaços do nosso comportamento humano.

 

E para quê aprender isso tudo?

 

Se o argumento de que isso nos diferencia da IA não foi suficiente, então aqui vai mais alguns:

Para lidar melhor com pessoas e pra termos mais bem-estar.

Quem nunca ficou remoendo conversas, pensando em como poderia ter feito algo de forma diferente, falado diferente… ou até se culpou por como as coisas foram sentidas por outra pessoa. Seja nas organizações, seja na vida, com certeza desenvolver essas habilidades humanas ajuda muito.

 

Mas afinal, quais são essas habilidades humanas?

Tem uma gama de possibilidades, mas vou me ater aqui a 3 grandes pilares:

· Desenvolvimento pessoal: habilidades como autoconhecimento, autogestão, autoconsciência, inteligência emocional, autenticidade, antifragilidade, tudo que tem a ver com desenvolver conhecimento e gestão de si mesma(o).

· Trabalho em equipe: habilidades que fazem você ter relacionamentos melhores com as pessoas ao seu redor, como: empatia, escuta ativa, confiança, comunicação não violenta, diversidade & inclusão.

· Liderança: habilidades que fazem você ser uma liderança mais humana, como: feedback e conversas de desenvolvimento, colaboração, mentoring, segurança psicológica, saúde mental no trabalho.

 

A tecnologia tem acelerado seu desenvolvimento e promete não parar, mas o quanto nós estamos parados no nosso desenvolvimento de competências que são essencialmente humanas e que vão nos diferenciar daqui pra frente?

É inegável que a tecnologia tem proporcionado ganhos crescentes em produtividade e eficiência.

 

Então, quando usar uma IA é a melhor opção?

Quando usar suas habilidades humanas é a melhor pedida?

 

Por hora eu usaria a dica da Harvard Business Review, faça a si duas perguntas:

·         A situação depende de conhecimento, pensamento racional ou análise?

·         A situação exige qualidades sociais, emocionais ou interpessoais?

 

As lideranças vão precisar dominar cada dia mais as IA’s, mas também terão que demonstrar cada vez mais um estilo de liderança centrada no humano, pois só assim conseguirão olhar para a sustentabilidade de seus resultados a longo prazo. São essas as lideranças que serão capazes de atrair, engajar, desenvolver e motivar os melhores talentos.

 

Então, quanto tempo você tem dedicado para desenvolver suas habilidades humanas?

E quanto tempo você tem se dedicado a aprender sobre novas tecnologias?

É sobre saber utilizar IA, mas também é sobre entendermos mais de seres humanos.

Portanto, fica a reflexão: como você poderia usar IA hoje de forma a liberar o seu tempo para fazer o trabalho mais humano?

 

Patrícia Eloisa Rech

Business Coach, Mentora, Consultora em Desenvolvimento Humano e Organizacional

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